O Dia 25 de Abril de 1974, para mim é inesquecível.
Eu cumpria o Serviço Militar ainda na altura da Revolução do 25 de Abril, que abriu portas para a Democracia tão desejada por muita gente, incluindo eu próprio, como é óbvio. Lembro-me que estava de serviço na véspera e tinha confidencialmente conhecimento do que ia acontecer no dia seguinte, tendo continuado de serviço no dia da Revolução, que eu recordo todos os momentos como se fossem hoje.
Os Civis, que era assim como os chamávamos, andavam na sua grande maioria com uma satisfação muito grande, exibindo os saudosos cravos vermelhos e confraternizando amavelmente connosco dando-nos sempre muito apoio moral tão necessário nessa ocasião. Eu diria que essas pessoas também fizeram parte do sucesso alcançado com o Movimento das Forças Armadas, pelo que lhes devemos muita gratidão.
Salvo alguns percalços que entretanto iam surgindo, num ou noutro local, a Revolução foi um êxito e para quem não é desse tempo, ou não cumpriu o serviço militar, tem visto em filmes ou documentários uma amostragem daquilo que se passou no terreno. Agora faz parte da história verídica e é bom que os estudantes a aprendam bem. Porque viver em democracia é muito diferente do que suportar uma Ditadura como a que precedeu o Dia 25 de Abril de 1974.
Os dias que se seguiram continuavam a ser vividos por nós e por muitas pessoas com extraordinária alegria, e por essas circunstâncias os militares eram solicitados a muitos Locais. onde a multidão carregada de cravos vermelhos os recebiam efusivamente com muitas palmas e gritando: vivas ao 25 de Abril e às Forças Armadas.
Um dia fui com mais dois oficiais do exército num jipe do Quartel a Felgueiras, onde nos esperavam milhares de pessoas, que nos aplaudiam vivamente. Era de tarde e estava um calor tórrido e nós fardados a rigor!
Entramos para o Salão Nobre dos Bombeiros, onde fomos recebidos principescamente , onde nada faltava para lanchar e até vinho do porto, cujo comandante dos Bombeiros disse que era do melhor, e só para nos homenagear, fez questão de abrir a garrafa que nos estava destinada para cada um beber um cálice, e comprovamos a sua óptima qualidade. Pois nessas ocasiões não se pode recusar o que amavelmente nos oferecem com tanto gosto.
Ao dirigirmo-nos para a varanda do Edifício onde o povo mais uma vez nos saudava com enorme entusiasmo. O militar mais graduado era um capitão " de carreira" mais velho, e por isso não era capitão miliciano. Ele tinha chegado dias antes ao Quartel e não conhecia nem bem nem mal a agora cidade de Felgueiras, pelo que a primeira gafe foi: Bom povo de Fafe! Começamo-nos a rir sem que o Povo se apercebesse, mas eu em surdina disse-lhe para corrigir o lapso, o que ele fez de imediato.
Depois também usei da palavra, porque conheço bem aquela gente hospitaleira, e os aplausos eram constantes, o que para um orador é sempre agradável. No meio disto tudo há sempre peripécias engraçadas, e esta foi uma delas! O 25 de Abril como já repararam está no meu coração. E Sei que também no coração de muitos Portugueses.
Viva o 25 de Abril!
Nota: Eu tinha a intenção de só escrever este post no dia da 25, ou seja, quando oficialmente se comemora o dia da Liberdade, mas devido ao facto de nessa data, estar ausente do País por motivos profissionais, escrevo com uma antecipação de alguns dias.
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Buh!
Há 7 meses
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